terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Em jornal da família, Sarney reclama do “massacre” da mídia nacional contra o Maranhão


     
“Eu amo o Maranhão”. Foi o que escreveu José Sarney em artigo publicado no domingo, 19, pelo jornal O Estado do Maranhão, impresso pertencente ao Sistema Mirante de Comunicação, empresa controlada pela família do político. No artigo, já reproduzido por R7, Brasil 247 e outros sites, o senador não poupou críticas à postura da imprensa em relação aos últimos acontecimentos da região. A situação do presídio de Pedrinhas tem sido destaque no noticiário.
De acordo com o parlamentar, que apesar de declarar seu amor pelo Maranhão nas páginas do jornal é senador eleito pelo PMDB do Amapá, a “mídia nacional” promove um “massacre” contra o estado. Sarney afirmou que se sentiu obrigado a expor, no texto, a dor que essa ação dos veículos de comunicação lhe causa. “Cada dia põem somente o Maranhão, estampando palafitas e miséria que, para serem vistas (e condenadas), ninguém precisa vir ao Maranhão”, escreveu.
O parlamentar, no entanto, não divulgou que durante anos pertenceu à “mídia nacional” como articulista da Folha de São Paulo. Confira a íntegra do artigo originalmente publicado pelo jornal O Estado do Maranhão:
sarney-massacre-midia-nacionalSarney usou o jornal controlado por sua família para declarar seu amor pelo Maranhão e sua 
dor contra o "massacre" da imprensa contra o estado (Imagem: Moreira Mariz/Agência Senado)
Eu amo o Maranhão
José Sarney
Abro um blog local e vejo uma manifestação de amor ao Maranhão, já hoje compartilhada por dezenas de milhares de internautas. Passo na rua e vejo um carro com um adesivo “Eu Amo o Maranhão”. Despertou-me não cometer o pecado que Vieira dizia ser o mais difícil de evitar: o da omissão.
Achei minha obrigação também, uma vez mais e sempre, de externar meu amor ao Maranhão e minha dor, é a palavra exata, com o massacre com a nossa terra que está havendo na mídia nacional, como se ele fosse responsável por um ataque de ferocidade de alguns bandidos e por um fato trágico que infelizmente acontece em todo o Brasil. Cada dia põem somente o Maranhão, estampando palafitas e miséria que, para serem vistas (e condenadas), ninguém precisa vir ao Maranhão, basta ir à Baixada Fluminense, à favela da Maré, no Rio, à periferia ou mesmo ao centro de São Paulo – onde, segundo o IBGE, 625 mil vivem abaixo da linha de pobreza, classificados como miseráveis.
A sedução do Maranhão é um mistério. Não podemos aceitar essa campanha contra nossa terra que, como todas as outras, tem números ruins. Não se diz que hoje temos o 3º porto do Brasil, nem que crescemos 15,3% enquanto o Brasil cresceu 2,2%, nem que exportamos 3,5 milhões de toneladas de grãos e somos o 16º PIB do país. Que a pobreza baixou de 23% para 13% e para este ano temos uma projeção de 5%. Todos os índices sociais estão melhorando.
Quando se lê os livros dos viajantes que aqui passaram, se encantaram com o Maranhão, o que se encontra é deslumbramento: Abbeville, o bom frade que primeiro escreveu sobre o nosso estado, tece na sua História dos Padres Capuchinhos na Ilha do Maranhão um hino de louvor. La Ravardière, vencido e preso na Torre de Belém, teve como única exigência para soltá-lo que não voltasse ao Maranhão; e numa liberdade poética ele afirmaria “ser livre, sem voltar ao Maranhão, não é liberdade, é escravidão”. Lembremos sempre Simão Estácio da Silveira, há quase quatro séculos afirmando que “das terras que Portugal conquistou a melhor é o Brasil e o Maranhão é o Brasil melhor”. Gilles Lapouge, grande jornalista e escritor francês, diz que “São Luís é a mais bela cidade do mundo”. Para citarmos todos nunca haverá espaço. Mas não podemos esquecer o maior poeta da língua portuguesa, Gonçalves Dias, na Canção do Exílio, a colocar no bronze eterno da palavra, sem maior receio: “Não permita Deus que eu morra sem que volte para lá.”
Isso para não falar no orgulho que temos de nossa terra, que na voz popular nasce dos versos: “Maranhão, minha terra, meu torrão”. Nosso amor é AMOR DEMAIS! Estamos todos revoltados, injustiçados, indignados, com esse massacre que está sendo feito contra o estado. Não merecemos isso.
O que é pior é a participação de maus maranhenses que, por motivos políticos, estão comandando essa campanha. A eles não interessa resolver os problemas e minorá-los, estão até achando bom, pensando que vão ter votos com isso.
Algumas pessoas que visitaram o Maranhão me disseram terem tido uma grande surpresa quando, em vez de ver esse Maranhão que eles mostram lá fora, veem um Maranhão de paz, de gente pacífica e de progresso. Venham ver o Maranhão e se tiverem senso de justiça vão aderir ao “EU AMO O MARANHÃO”. Aqui não é terra de bandidos, é lugar de gente abençoada e boa.

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